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Ataque a ônibus com crianças deixa dezenas de mortos no Iêmen

Hospital que conta com o apoio da Cruz Vermelha recebeu os corpos de 29 menores com menos 15 anos e 48 feridos, entre eles 30 crianças

Publicada em 10/08/18 às 04:36h - 228 visualizações Rádio Perfil FM

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Ataque a ônibus com crianças deixa dezenas de mortos no Iêmen
 (Foto: Rádio Perfil FM)
Dezenas de pessoas morreram e várias ficaram feridas nesta quinta-feira (9) em um ataque contra um ônibus que transportava crianças no norte do Iêmen - anunciou a representação do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) no país.

Um hospital que conta com o apoio do CICV "recebeu os corpos de 29 menores com menos 15 anos e 48 feridos, entre eles 30 crianças", informou a organização no Twitter.

Em Saná, capital do Iêmen controlada pelos rebeldes huthis, um porta-voz do comitê explicou à AFP que o balanço não é definitivo porque algumas vítimas foram levadas para outros hospitais.

A coalizão admitiu ter executado um ataque aéreo contra um ônibus, mas garante que ele não transportava crianças, mas sim "combatentes huthis", afirmou à AFP seu porta-voz, Turki al Maliki.

Os veículos de comunicação dos rebeldes apresentaram um balanço de 50 mortos e 77 feridos - cifra que ainda não pode ser confirmada de forma independente. Um porta-voz do Ministério da Saúde dos huthis, citado pela emissora Al-Masirah dos rebeldes, confirmou que o balanço era especialmente alto porque o ataque atingiu um mercado cheio. 

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu "uma investigação rápida e independente" e exortou todas as partes a um esforço para se poupar "os civis (...) durante as operações militares", segundo o porta-voz Farhan Haq.

Segundo a ONG Save The Children, que condenou o que chamou de "ataque horrível" e pediu uma investigação independente, ele ocorreu quando as crianças voltavam de ônibus para a escola após um piquenique. 

"De novo, inúmeras crianças teriam sido mortas, ou feridas, quando um ônibus escolar foi atacado no norte do Iêmen. Todas essas crianças teriam menos de 15 anos. Será que o mundo tem realmente necessidade de ver mais crianças inocentes mortas para parar a guerra cruel no Iêmen?", reagiu, por sua vez, o diretor do Unicef para o Oriente Médio, Geert Cappelaere.

Nesta quinta, a coalização classificou seu ataque como uma "operação militar legítima". "O ataque registrado hoje na província de Saada é uma operação militar legítima contra elementos que (...) dispararam um míssil para a cidade (saudita) de Jizan, deixando um morto e feridos entre os civis", afirmou em nota. 

Na quarta, a coalizão anunciou que a defesa antiaérea saudita interceptou, no sul do reino, um míssil disparado por rebeldes huthis. Um iemenita morreu, e 11 pessoas ficaram feridas.

A ONG Médicos Sem Fronteiras disse no Twitter estar "profundamente entristecida" pelo ataque de quinta-feira, destacando que a área, na qual oferece atendimento médico, está inacessível há um mês por razões de segurança. "Os civis continuam pagando o preço mais alto após três anos de guerra no Iêmen", lamentou.

Na última quinta-feira (2), pelo menos 55 civis morreram, e 170 ficaram feridos em ataques em Hodeida (oeste), segundo o CICR. A coalizão liderada pela Arábia Saudita nega envolvimento ter lançado os ataques.

A cidade estratégica de Hodeida está controlada pelos huthis, que também responsabilizaram a coalizão pela ofensiva. A coalizão foi, diversas vezes, acusada de erros que custaram a vida de centenas de civis. Embora tenha admitido sua responsabilidade em alguns ataques, em geral acusa os huthis de se misturarem com os civis, ou de usá-los como escudos humanos.

A coalizão voltou a repetir este argumento na quinta, após ter afirmado que o alvo eram responsáveis por disparos de mísseis à Arábia Saudita. Para sua direção, "esta operação foi realizada respeitando o Direito humanitário internacional". Ela acusa os huthis de recrutarem crianças.

Pertencentes à minoria zaidi xiita, os rebeldes huthis contam com o apoio do Irã, que nega, contudo, que forneça ajuda militar. A guerra no Iêmen deixou mais de 10.000 mortos desde a intervenção da coalizão em março de 2015 e deflagrou a "pior crise humanitária" do mundo, segundo a ONU.


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