O general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-chefe do Comando Militar do Planalto, presta depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro nesta quinta-feira.
Ele é investigado pela suposta tentativa de impedir a retirada dos manifestantes do acampamento no Quartel General (QG) do Exército, em Brasília, na véspera dos ataques aos prédios dos três Poderes.
A convocação do militar atende a 8 pedidos diferentes, a maioria de parlamentares da oposição.
“Dutra é um dos investigados pelo Ministério Público Militar (MPM), que busca saber se houve falha de planejamento, negligência ou omissão nos atos do 8 de Janeiro. Posto isso, considera-se que o general tem muito a colaborar com os trabalhos desta comissão”, escrevem o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) e o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), em requerimento assinado conjuntamente.
Já o senador governista Jorge Kajuru (PSB-GO) afirma em seu pedido que o depoimento de Dutra é um passo importante para que a CPI possa compreender quem contribuiu financeiramente para a manutenção dos acampamentos.
Dutra foi afastado do cargo no dia 16 de fevereiro, mas só deixou oficialmente o posto um dia antes de seu depoimento à Polícia Federal, em 12 de abril, sendo remanejado para um cargo de subchefia no Estado Maior do Exército.
Em seu depoimento à Polícia Federal, ele afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva concordou com uma proposta sua para desmobilizar o acampamento na frente do QG apenas no dia 9 de janeiro. Segundo pessoas que acompanharam a oitiva, Dutra relatou ter falado com Lula por telefone na noite de 8 de janeiro, horas depois dos ataques golpistas.
Uma tropa da Polícia Militar do Distrito Federal chegou a se posicionar na frente do QG, mas três blindados foram colocados na entrada da área militar. Em depoimentos anteriores à PF, ex-integrantes da cúpula da PM-DF, como os coronéis Fábio Augusto e Jorge Naime, relataram que tentativas de desmobilização do acampamento foram frustradas por ação do Exército.
General de divisão, Dutra de Menezes chegou à chefia do Comando Militar do Planalto em abril de 2022. Inicialmente, a mudança de área não estava prevista, mas a saída foi costurada para contornar a crise política envolvendo o Palácio do Planalto e a caserna, segundo apurou O GLOBO. Na época da exoneração, integrantes da Força minimizaram o fato, dizendo se tratar de uma mudança comum e esperada.
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