O garoto Carlos Attias Boudoux, 12 anos, alvo de uma disputa judicial entre os pais pela sua guarda, está sendo procurado pela polícia da Argentina, país onde estava com o pai, Carlos Attias, natural daquele país. A criança deveria ter voltado ao Recife no último dia 28 de fevereiro, por decisão da Justiça, quando passaria o carnaval com a mãe, a fisioterapeuta Cláudia Boudoux. Ao invés de reencontrar o filho, a mãe foi surpreendida por uma carta supostamente escrita por Carlinhos informando que ele fugiu porque não desejava voltar ao Brasil. Cláudia acusa o ex-marido de forjar a situação.
Cláudia foi para a Argentina no último dia 13 de fevereiro para acertar os termos da volta do garoto para o Brasil, determinada pela Justiça argentina em 11 de dezembro do ano passado. Na ocasião, ficou acertada a data da volta para 28 de fevereiro. O pai foi orientado a passar os dados do voo para as autoridades brasileiras acompanharem a chegada da criança. A carta supostamente escrita por Carlinhos foi anexada ao processo.
“Estou perplexa. Vivo um drama que não tem fim. Não acredito nessa fuga e nem que essa carta seja de autoria do meu filho. Ela não reflete a escrita de uma criança de 12 anos. Para mim, é mais um plano bem elaborado do pai para não cumprir a decisão da justiça argentina”, afirmou Cláudia Boudoux. Ela diz que o filho sofre alienação parental por parte do pai.
Após o episódio da carta, o advogado Pedro Henrique Reynaldo, que atua em defesa de Cláudia, foi à Embaixada do Brasil, em Buenos Aires, para pedir apoio na cobrança de medidas mais efetivas das autoridades argentinas para localizar a criança, assim como o cumprimento da decisão judicial de repatriação de Carlinhos. O diplomata Luiz Eduardo Fonseca disse que já havia sido informado da situação através do gabinete do senador Jarbas Vasconcelos, membro da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado. A Secretaria Estadual de Direitos Humanos também está acompanhando o caso.
Carlinhos foi levado pelo pai pela primeira vez em dezembro de 2015, quando um oficial de justiça esteve na casa da fisioterapeuta, em Boa Viagem, na noite de Natal, com um mandado para que os dois filhos menores do casal fossem para a casa do pai. A previsão era voltar dois dias depois, mas isso não aconteceu. Cláudia, então, conseguiu uma ordem de busca e apreensão, mas não localizou as crianças na casa do ex-marido ou na fábrica que ele mantinha em Água Fria. Cinco dias se passaram e Carlos conseguiu na Justiça o direito de passar o réveillon com os dois filhos, mas com a condição de entregá-los à mãe no dia 2 de janeiro. No entanto, na data marcada, apenas a filha do casal foi deixada com Cláudia.
Somente em setembro de 2016, a Polícia Federal argentina prendeu Carlos e o menino foi encaminhado para uma casa de acolhida em Buenos Aires. Apesar da mãe ter sido orientada pela polícia daquele país a buscar o filho, antes de chegar lá, ela foi comunicada que o ex-marido estava solto novamente e com o filho. O desfecho da história deveria ter acontecido mais uma vez no último dia 28 de fevereiro.