A palma forrageira, cactácea cultivada em todo mundo, exceto na Antártica, em mais de 1 milhão de hectares, tem como característica a alta tolerância à seca, além de ter um baixo custo de produção. A planta é usada na alimentação animal e humana e possui ações farmacêuticas diversas.
De acordo com o Instituto Nacional do Semiárido (INSA), a palma possui uma grande quantidade de água em sua composição, cerca de 90%, o que a torna essencial para ambientes secos. É uma planta que tem grande resistência e adaptação às condições de déficit hídrico. É rica em carboidratos e sais minerais solúveis, sendo altamente energética.
A palma é considerada estratégica para a produção da pecuária no Semiárido, mas para que os seus benefícios sejam efetivos é necessário vencer desafios e gargalos, como a mecanização e o beneficiamento.
“Ela é muito importante para a pecuária, representa a principal fonte de alimentação dos rebanhos, mas tem também outras potencialidades ligadas, por exemplo, à medicina. A palma já é colocada hoje como alternativa até para o próprio consumo humano pelas características que ela tem”, destacou o superintendente da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), Danilo Cabral.
Ampliação do debate
E para ampliar o debate sobre a palma forrageira, a Rede Palma, iniciativa criada pela Sudene, retomou as atividades, paralisadas desde 2019. Para marcar a volta, ocorreu o IV Encontro Técnico da Rede Palma, no começo de outubro, no Recife. O evento reuniu representantes de universidades, secretarias de Agricultura, INSA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e pesquisadores.
A Rede Palma tem como intuito analisar cenários, propor ações e consolidar as potencialidades da palma no Semiárido Brasileiro, além de articular instituições estratégicas para fomentar o debate sobre a cultura da palma como ativos social e econômico.
“A finalidade dessa rede é a gente juntar todos que dialogam com a palma para, a partir disso, encontrarmos alternativas e oportunidades. A Sudene cumpre o papel de ser a mobilizadora, integradora, articuladora das políticas e viabilizar recursos para poder fazer pesquisa e inovação”, afirmou Cabral.
Mecanização da palma
Durante o evento, o diretor e sócio da Indústria Laboremus, Fabiano Dias, explicou sobre o processo de produção do primeiro protótipo funcional de uma máquina colheitadeira de palma, equipamento fabricado pela empresa.
A colheitadeira funcionará acoplada a um trator e, além da colheita, vai transportar a palma por uma esteira até o carroção ou direto ao vagão forrageiro, que fará a trituração do produto, indo direto para os cochos de alimentação dos animais. O equipamento foi apresentado este mês no VI Congresso Nacional de Palma, em Montes Claros, Minas Gerais.
De acordo com Fabiano, a mecanização era um sonho dos plantadores de palma, dos pesquisadores e das instituições. A planta é estratégica alimentíciamente para atravessar períodos de estiagem.
“Para se transformar em cultura, a palma tinha que ser mecanizada. As partes mais pesadas são justamente a da colheita e do transporte, porque você corta a raquete de palma, um sol quente do nosso Semiárido e você pega aquela raquete cheia de espinhos, dez, onze, doze horas jogando em cima de um carroçal”, disse.
Com a mecanização, o cenário se modifica completamente. A partir da palma se tem a fruta, pode ser gerado biogás e estudos estão sendo realizados para o desenvolvimento de couro sintético a partir da planta.
“O potencial da palma pode trazer um novo cenário para o Semiárido do Brasil, porque a gente pode fixar o homem de campo, trazer uma mudança na economia, e deixar mais digno esse trabalho que é muito duro. A palma tem um potencial muito grande”, reiterou Fabiano.
Nutrição da palma
Ainda no IV Encontro Técnico da Rede Palma, o professor e pesquisador da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Adailson Pereira de Souza, apresentou o projeto de nutrição da palma forrageira no Semiárido do Brasil. Inicialmente, a proposta atende os estados de Pernambuco e da Paraíba e tem expectativa de caminhar para as outras áreas do Nordeste. O INSA está à frente do projeto, além da colaboração de outras instituições.
“O nosso maior objetivo é apresentar a sociedade, especificamente a sociedade abrangida pelo Semiárido Brasileiro, de nós disponibilizarmos aos nossos produtores recomendações de adubações bem calibradas para as diferentes características que, mesmo sendo o semiárido tendo uma característica padrão, ela tem suas particularidades de solo, de chuvas, de clima, mesmo dentro do semiárido”, pontuou Adailson.
Segundo o professor, a concepção do projeto começou em 2018. Em 2019, já havia um documento elaborado que foi apresentado para a Sudene em 2020. Em 2021, a equipe começou a instalar os experimentos. A previsão é de que o projeto se estenda até o ano de 2026.
“A expectativa é que os nossos agricultores possam se tecnificar, sair daquela condição ainda um pouco rudimentar da cultura, embora tenhamos produtores já bem tecnificados, mas isso se estender ao pequeno, ao médio e ao grande produtor”, comentou.
Pensando em produtividades elevadas, o projeto oferece suporte técnico relacionado à nutrição da palma. “Estamos pensando em adensamento de palma e precisamos pensar que só o solo como ele está não é suficiente, precisamos entrar com aporte na nutrição da planta e aí entra os adubos minerais e orgânicos”, acrescentou.
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